Será que ouve mesmo bem?


Ao longo do tempo, o nosso aparelho auditivo vai resistindo a várias agressões, incluindo sons muito altos que por vezes até nos assustam e repelem os nossos ouvidos… Essas agressões vão-se somando dia a dia, afetando em primeiro lugar a perceção das frequências à volta de 4000 Hz, depois acima dos 4000 Hz (sons agudos) e, por fim, atinge a perceção abaixo de 4000 Hz. Normalmente a pessoa só repara que não ouve bem quando atinge a frequência da fala (3000 Hz). Deste modo, surgem alterações da acuidade auditiva denominadas de hipoacusias. As hipoacusias traduzem uma perda parcial da capacidade auditiva e podem ser classificadas em 4 tipos diferentes: hipoacusias de transmissão ou condução, de perceção ou neuro-sensoriais, mistas e simuladas. 

As hipoacusias de transmissão traduzem-se por lesão a nível do ouvido externo e/ou médio, tendo como principais sintomas a autofonia (sensação de ressonância da própria voz), uma melhor audição em locais ruidosos e uma pior audição para sons graves. Pode ter como base uma malformação congénita, uma oclusão a nível do canal auditivo externo, uma otite média aguda ou crónica, uma perfuração timpânica ou até uma disfunção da tuba auditiva. O tratamento depende da etiologia, se for por oclusão por rolhão de cerúmen é possível extrair, se for de causa inflamatória pode-se tratar com antibiótico, gotas otológicas e anti-inflamatórios, se for por disfunção tubar existe tratamento médico ou cirúrgico. 

Nas hipoacusias de perceção existe uma lesão no ouvido interno ao nível da cóclea e retro-coclear, as suas principais manifestações são a perda de discriminação da linguagem, audição pior em ambientes ruidosos e para os sons agudos, zumbidos agudos, vertigens, algiacusia (dor com o ruído) e existência de um limiar até ao qual não ouve sons mas a partir do qual os sons ficam verdadeiramente insuportáveis. Estas hipoacusias têm como causas malformações congénitas (agenesia da cóclea), infeciosas (sarampo ou parotidite), medicamentosas (furosemida, antibióticos aminoglicosídeos, Quinidina), alterações circulatórias, diabetes, doença de Meniére, presbiacusia, doenças degenerativas da via acústica, entre outras. O tratamento passa muitas vezes por próteses auditivas ou implantes cocleares. 

As hipoacusias mistas envolvem alterações tanto a nível de transmissão como de perceção e nas hipoacusias simuladas não há uma verdadeira perda de audição, devendo-se testar com audiograma e/ou impedanciometria para ter a certeza do diagnóstico.


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