'BORA ARRUMAR O TRÂNSITO?


Hoje tenho um desafio para lhe propor! Ajudar a APSI – Associação para a Promoção da Segurança Infantil, ajudando, em última instância, as crianças e adolescente que evoluem no ambiente rodoviário nacional no nosso dia-a-dia. E porquê? Porque a sua ajuda vai, de certezinha absoluta, fazer toda a diferença no final! 

No passado dia 7 de Maio foi amplamente noticiado o atropelamento, na freguesia de Pousos (Leiria), de um menino de sete anos, resultando na sua morte. Mais do que toda a sequência de eventos, é importante reter uma mensagem: um novo atropelamento de uma criança, que resultou em nova e indesejável tragédia. Isto independentemente da particularidade do mesmo, num infelizmente, já mais que visto, um menino que corre atrás de uma bola extraviada e é atingido por um automóvel, que nem deve ter tido tempo de ver chegar. 

É aqui que a APSI entra em campo, através dos seus profissionais, num sector rodoviário que é um dos seus muitos cavalos de batalha. Uma entidade que, como a sua denominação reflecte, pretende proteger os mais novos, alertando toda uma população, definitivamente responsável por aqueles, para essa MUITO URGENTE necessidade! Para tal e mesmo com um orçamento minimalista face à dimensão colossal do que se propõe alcançar, e com um reduzido grupo de efectivos e outros voluntários, a APSI desdobra-se em inúmeras acções, de sensibilização e formação, de modo a alcançar o desejável objectivo de “zero danos e zero mortes” na camada infantil, anunciando bem alto que “80% dos acidentes com crianças podem ser evitados”, aqui englobando-se todo o tipo de acidentes.


Na véspera do acontecimento acima descrito (fora os outros de menor impacto mediático que, infelizmente, sucedem a cada dia mas que passam ‘semi-despercebidos’), a APSI reforçara o anúncio público dos resultados de um estudo denominado “Acidentes Rodoviários com Crianças e Jovens (0-17 anos)”, do biénio de 2010-2011, alertando para a média de 3 acidentes por dia com crianças-peão, num leque de 2.460 crianças atropeladas, com particular incidência no grupo dos 10 aos 14 anos. Definitivamente, números assustadores – tal como o seriam se fossem ‘só’ 10, ou 5 ou 1, nomeadamente para os próprios e respectivas famílias e amigos – que importa reduzir, na quase inalcançável esperança do tal objectivo “zero”! 

Em mais uma demonstração de tenacidade e no âmbito da Semana de Segurança Rodoviária que decorreu durante toda a semana finda (entre os dias 6 e 12), a APSI lançou uma série de novas campanhas de sensibilização, fazendo-o através da sua página do Facebook, solicitando o empenho e contributo de todos nós nesta demanda. 

Sob o título de “Faça Deste Um Automóvel Amigo das Crianças”, aquela entidade pede à população que imprima várias cópias de um ‘template’ desenvolvido para o efeito, devendo depois recortá-las e levá-las em qualquer deslocação a pé, para ir colocando nos veículos em condições menos ideais que se encontrem pelo caminho. Nada de carácter declaradamente obrigatório, mas sim de ajuda de cidadania, nomeadamente para com os nossos pequenotes. 

Um ‘template’ igualzinho a este e que também está disponível na página do Facebook da APSI. Pode desde já imprimi-lo e guardar as suas cópias!

Fotos: APSI
Ele é parte de um objectivo maior rumo à exigência de passeios largos e desimpedidos, sem carros estacionados, com passadeiras bem sinalizadas, redução de velocidade nas zonas residenciais e perto de estabelecimentos de ensino, transportes públicos que sirvam as suas necessidades, percursos pedonais com espaços para brincar, em suma, um ambiente rodoviário onde se possam movimentar autonomamente e sem restrições. 

Caro leitor do ‘blog’ Trendy Mind! Vamos ajudar a APSI nesta enorme causa e, em última instância ajude o seu filho, familiar, vizinho ou desconhecido, em suma, todas as crianças e adolescentes. Mas empenhe-se também muito a sério de modo a não deixar a sua viatura em posição irregular, mesmo que seja “só por um bocadinho”, do mais do que desgastado “vou só ali, não demora nada”! É que esse espacinho de tempo, por mais minúsculo que seja, pode fazer uma enorme diferença, quando os mais novos tiverem de ultrapassar o obstáculo em que os veículos se tornaram! 

As crianças e adolescentes não são “adultos em ponto pequeno”, como muitas vezes os consideramos, em função das suas capacidades, sendo especialmente vulneráveis quando andam a pé, pois contam com características – físicas, cognitivas, perceptíveis, comportamentais e emocionais – distintas das dos adultos. 

São mais baixas e, por isso, têm um menor campo de visão, em espaço e movimento, tornando-se quase invisíveis aos condutores, nomeadamente quando têm de contornar as novas barreiras físicas em que os veículos que todos deixamos ‘espalhados’ por todo o lado se tornaram, quando os paramos em 2ª fila, num passeio (todo ou em parte), nas imediações de uma passadeira ou em cima da mesma, complicando-lhes ainda mais os percursos já pejados de árvores e mobiliário urbano, tantas vezes mal colocado.

Fotos: APSI e outros
Deslocam-se mais devagar, demoram mais tempo a ir do ponto A ao B, sendo igualmente normais e previsíveis naquelas idades os chamados “repentes”, quando mudam de direcção, param ou se comportam de modo inesperado. Distraem-se com facilidade, focando a atenção no que lhes interessa e não no meio envolvente, seja porque vão na ‘palheta’ ou na brincadeira com os amigos, ao telemóvel, a ouvir música ou no Facebook e demais redes sociais, trocando mensagens com uma velocidade impressionante, às vezes num Português que faria corar a D. Maria Antónia, a minha saudosa professora da instrução primária! 

Apesar de substancialmente mais conhecedores das elementares regras de trânsito do que no meu tempo de adolescente, a estrada e a sua evolvente é, para a grande maioria e apesar dos contínuos alertas dos pais e encarregados de educação, algo etéreo, raramente se pensando no perigo, a não ser quando o mesmo lhes surge pela frente! E às vezes é tarde demais! 

Quem nunca ouviu os celebres “cuidado a atravessar a estrada!” ou “quando atravessares, olhas para a esquerda, depois para a direita e só depois de teres a certeza de que não vem ninguém, atravessas!”. Pois é… só que por vezes, essa certeza não o é, quando adicionalmente há as tais barreiras físicas em que os veículos de todos nós se tornam. 

Bom… não me vou alongar mais! Espero que aproveite a minha dica de hoje e imprima uns quantos dos ‘templates’ acima para levar consigo sempre que andar a pé (principalmente as senhoras, que têm malas grandes onde cabe tudo e mais um par de botas) e deixar nos pára-brisas das viaturas mal colocadas. Uma criança ou adolescente que beneficie do seu gesto é menos uma criança ou adolescente numa cama de hospital ou, como o pequeno Guilherme de sete anos, numa fria campa num cemitério! 

Cumprimentos distribuídos irmãmente e até breve! 

José Pinheiro 

Notas: 1) As opiniões acima expressas são minhas, decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes. Os restantes membros deste ‘blog’ não têm obrigatoriedade de partilhar dos mesmos pontos de vista; 2) Direitos reservados das entidades respectivas aos ‘links’ e imagens utilizados neste texto, conforme expresso.

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