'The Interview' | Ataques Cibernéticos e Liberdade de Expressão



O filme 'The Interview', uma comédia onde seguimos dois jornalistas (Seth Rogen e James Franco) que se vêem envolvidos numa missão secreta que tem como objectivo o assassinato do líder sul coreano Kim Jong-un, tem sido um dos assuntos mais polémicos das últimas semanas, depois da Sony Entertainment ter cancelado a estreia que estava prevista para 25 de Dezembro.






Tudo começou em Junho – altura do lançamento do trailer – quando surgiram as primeiras ameaças dirigidas ao principal distribuidor do filme, a Columbia Pictures, caso avançassem com a estreia do mesmo. Em Novembro, a Sony Pictures Entertainment, empresa parceira, sofreu um ataque cibernético causado por um grupo que se auto-denominou de Guardiões da Paz, tornando público diversos documentos privados, bem como alguns dos seus mais recentes filmes, exigindo que a estreia de 'The Interview' não se realizasse.




Poucos dias antes da estreia, mais concretamente a 16 de Dezembro, o grupo ameaçou que avançaria com ataques terroristas aos cinemas que projectassem o filme, fazendo alusões aos ataques de 11 de Setembro. Algumas cadeias de cinemas cancelaram a estreia, em nome da segurança, levando a Sony a cancelar definitivamente a estreia nos Estados Unidos e internacionalmente.

Depois desta confirmação, as reacções não se fizeram esperar. Várias personalidades de Hollywood criticaram a decisão da Sony, que, numa atitude cobarde, cedeu a ameaças terroristas, não protegendo a liberdade de expressão que o país tanto defende. O Presidente Barack Obama também se pronunciou, criticando igualmente a atitude da empresa, apesar de se mostrar solidário com a decisão.

No dia 18 de Dezembro surgiram duas novas mensagens dos supostos Guardiões da Paz, onde constatam que a Sony já sofreu o suficiente e que poderá estrear o filme, se assim o desejar, desde que a morte de Kim Jong-un não seja demasiado "alegre". A mensagem também afirma que se a Sony tomar outro tipo de decisão, eles estarão de regresso.

Depois de muita especulação, o FBI afirmou ter informação suficiente para confirmar que a Coreia do Norte é a principal responsável pelos ataques cibernéticos à empresa privada, ficando agora a questão de como irá actuar os Estados Unidos face a esta situação, tendo em conta que os dois países não têm relações formais, o que torna quase impossível a existência de embargos ou represálias diplomáticas.



Toda esta situação causou um efeito de bola de neve, que levou, por exemplo, ao cancelamento da adaptação da banda desenhada 'Pyongyang' que tinha Steve Carell como protagonista. Algumas opiniões, como a minha, defendem que toda esta polémica vai causar o chamado efeito Streisand – onde a tentativa de remover ou censurar, inadvertidamente causa o efeito contrário, publicitando ainda mais o filme. 

Apesar da Sony afirmar agora que está à procura de alternativas para conseguir lançar o filme, iremos ver no futuro as consequências que esta situação criou, tendo em conta que uma das maiores empresas mundiais acabou por ceder às ameaças de um grupo que, apesar de se auto-intitularem Guardiões da Paz, revelaram atitudes contrárias.

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