Dar a outra Face







O Trendy Causes by Trendy Mind traz hoje um tema altamente sensível.

Causa-me arrepios até à Alma este tipo de atitude, em que a Mulher é tratada como posse, gado, objecto, algo que se pode usar, trocar, vender, maltratar, por e dispor.

O privilégio branco europeu que me assiste permite-me ficar incomodada com isto.

Permite-me escrever sobre isto.

Permite-me ter a liberdade de me insurgir contra isto, sem que algo ao meu alcance possa fazer para contornar ou alterar a situação.

Falo-vos de mulheres sobreviventes de ataques com ácido







É impressionante à primeira vista pelo aspecto. A pele derretida, repuxada, recosida, recolada, rererererepetidamente olhada de soslaio pelos seus pares, olhada com desdém pela sociedade retrógada onde estão, olhados com pena e compaixão por quem (ainda???) não passou por isso mas que por viver num sub-mundo social ainda está sujeita a tal...

Mas o que mais impressiona não é o aspecto físico, afinal "o essencial é invisível aos olhos", mas sim os motivos para tal ter acontecido! 

Coisas como se terem negado a casamentos arranjados contra sua vontade, recusarem-se a serem vendidas pelas suas próprias famílias, ciúmes por suspeitas de adultério, ou até mesmo o facto de ESTUDAREM! Tantas e tantas situações que nos deixam boquiabertos por terem dado azo a tamanha crueldade, para lá do imaginável e da compreensão humana, pelo menos da minha e da maior parte das pessoas deste lado do Ocidente.

Não me vou alongar em palavras de repulsa e condenação total destes actos, pois o propósito deste artigo é dar a conhecer A OUTRA FACE desta situação, que tantas vezes termina com o suicídio de quem foi atacado.

Desta vez, por ocasião do Dia Internacional da Mulher (esse que ainda tem e deve ser comemorado por situações como ESTA!), algumas sobreviventes de ataques com ácido foram escolhidas para serem as protagonistas de um calendário que celebra o Dia Internacional da Mulher e a beleza interior.

Em vez de Top-Models ou actrizes famosas, o calendário Bello prima pela diferença e apresenta 11 mulheres vítimas de ataques de ácido representado as profissões que gostariam de exercer caso as suas vidas não tivessem sido abruptamente alteradas da maneira que foram.


Associa-se a esta iniciativa a Stop Acid Attacks, de Nova Deli, Índia, onde por SEMANA são atacadas em média 5 mulheres!

“Devido à natureza das suas lesões, as sobreviventes sentem que é impossível viver com dignidade. Ao apresentar a primeira sessão fotográfica deste género, queremos marcar a diferença”.

Os retratos destas mulheres foram tirados pelo fotógrafo local Rahul Saharan, pelo belga Pascal Mannaerts e por Surbhi Jaiswal.

“Isto é um exemplo perfeito de pessoas que não baixam os braços, lutam pelos seus direitos e para se recuperarem das coisas más que lhes aconteceram na vida”, elogiou Mannaerts ao jornal India Today.

Através dos lucros obtidos com a venda deste calendário, a organização vai poder fornecer ajuda médica e psicológica às vítimas, bem como apoio a nível legal. Também se encarregam de as ajudar a restabelecer a sua vida profissional e fomentam as acções de sensibilização deste assunto, dando a conhecê-lo ao mundo, tendo uma forte presença nas redes sociais e media.



O calendário, à venda num site criado especialmente para o efeito (pode aceder AQUIcomeça no mês de Março de 2015 e termina em Fevereiro de 2016. Em Março de 2016 será lançada uma nova edição.

Esperemos sinceramente que não tenha mais edições... sinal de que este flagelo social já teria terminado!

"We are all under the same sky"

AMC*

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